O
zumbido é um distúrbio que atinge cerca de 15% da população mundial.
O problema pode ser causado por mais de 200 fatore diferentes. Pesquisas
brasileiras estão testando tratamentos.
Prevenção
Apesar
de não ser possível garantir que o zumbido não vá aparecer, dá para prevenir
algumas das causas. Evite se expor a sons muito altos, especialmente do MP3.
"Usado por muito tempo e com volume muito alto, está virando uma forma de
poluição sonora forte", alerta Tanit Gunz Sanchez.
Também
não exagere no consumo de açúcar, gorduras e cafeína e controle o estresse. Foi
o que desencadeou a "panela de pressão" da estudante Karine Rocha dos
Santos, 22. "Também percebi que o zumbido piora quando estou sob pressão e
estressada", conta. Na época de provas, ela precisa relaxar um pouco
durante os estudos. "Pelo menos a faculdade que curso, educação artística,
ajuda a canalizar minha agitação", diz.
Tratamentos
Cuidar
da causa do zumbido é primordial, mas pode ser necessário um tratamento
específico para o distúrbio. O paciente deve decidir com o médico qual a melhor
forma de tratá-lo, ponderando resultados previstos e tempo de tratamento.
1. MEDICAMENTOS
Como
existem diversos medicamentos, o tratamento deve ser individualizado -dois
pacientes com problemas parecidos podem reagir de forma completamente diferente
ao mesmo remédio.
De
acordo com Tanit Gunz Sanchez, do HC, a chance de melhora é de 50%. "As
pessoas odeiam ouvir isso, mas viemos de uma época em que não se acreditava que
houvesse cura", afirma. E enfatiza que remédios ajudam, mas é essencial
tratar a causa do zumbido.
2. ALIMENTAÇÃO
Quem
tem zumbido pode ter de reduzir o consumo de cafeína, açúcar e gorduras
--compostos reconhecidamente ligados a esse problema. As células da cóclea
(região do labirinto responsável pela audição) dependem do oxigênio que chega
por meio do sangue. O excesso dessas substâncias no sangue pode dificultar a
irrigação da cóclea e desencadear o mau funcionamento e até a morte das células
auditivas. Uma análise detalhada dos hábitos do paciente indica se a mudança
alimentar se justifica.
3. TRT (terapia de retreinamento de zumbido, na
sigla em inglês)
A
técnica consiste em duas etapas. Na primeira, o paciente recebe orientação e
tira suas dúvidas sobre o distúrbio. Na segunda, passa por um
"enriquecimento sonoro".
Como
o ruído interno é muito mais percebido em locais silenciosos, a saída é manter
no ambiente sons constantes. Em casos mais sérios, é possível usar um gerador
de som -similar ao aparelho auditivo, que emite um chiado bem baixo. "O
primeiro passo é a menor reação ao zumbido. O segundo é a pessoa ficar cada vez
mais tempo sem percebê-lo", diz a fonoaudióloga Keila Knobel. O tratamento
é longo: pode levar de 18 a 24 meses para trazer o efeito desejado.
4. ESTIMULAÇÃO SONORA
Outra
forma de estimulação é o mascaramento: troca-se o barulho do zumbido por um som
mais alto. O "novo" ruído pode ser um rádio ligado ou um mascarador,
uma espécie de aparelho auditivo que emite um chiado constante. No entanto, se
o paciente deixa de aplicar a técnica, o som volta. Deficientes auditivos podem
usar aparelhos ou implante coclear, que estimula o nervo auditivo. Geralmente,
quando voltam a ouvir outros sons, não percebem mais o zumbido e se sentem
melhor.
5. FISIOTERAPIA
Uma
constatação recente pode contribuir para solucionar problemas em pacientes que
também sofrem de dor miofascial (associada a "pontos-gatilho", que,
quando apalpados, doem ou irradiam dor para outras áreas do corpo). Quando
presentes na região da cabeça, pescoço ou ombros, esses pontos podem ter
relação com o zumbido.
Para
sua tese de mestrado, publicada na "Arquivos Internacionais de
Otorrinolaringologia", a fisioterapeuta Carina Bezerra Rocha avaliou a
presença de "pontos-gatilho" em 188 pacientes, metade deles com
zumbido, e verificou que pessoas com zumbido têm quatro vezes mais chances de
também ter "pontos-gatilho". "Quanto mais próximo os pontos
estão da cabeça, mais chances de haver relação com o zumbido."
Há
um ano, ela trata 15 pacientes no Ambulatório de Zumbido do Hospital das
Clínicas de São Paulo. Desses, 14 já relataram melhora --três disseram que o
som desapareceu totalmente. Ela aconselha que pacientes com dor na cabeça, no
pescoço ou nos ombros a relatem ao otorrino, para que sejam avaliados por um
fisiatra e, se for o caso, tratados por um fisioterapeuta.
6. ACUPUNTURA
Para
o otorrinolaringologista Ektor Tsuneo Onishi, que estuda o efeito da acupuntura
no tratamento do zumbido e coordena o Ambulatório de Zumbido do Departamento de
Otorrinolaringologia e Cirurgia da Cabeça e Pescoço da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo), a técnica ajuda a diminuir o incômodo que o ruído gera.
Ele publicou na "Revista Brasileira de Otorrinolaringologia" um
estudo com pontos de acupuntura na cabeça, em 76 pacientes. "Provamos que
um ponto específico do ouvido pode melhorar o zumbido, diminuindo a intensidade
ou o incômodo." De acordo com ele, ainda não estão claros os mecanismos
que levam à melhora, mas notou-se que, depois da acupuntura, algumas vias
envolvidas na audição começam a funcionar de forma diferente.
7. ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA TRANSCRANIANA
Ainda
em pesquisa em diversos países, a técnica não está disponível para tratar
zumbido -é usada contra a depressão. Por meio de pulsos magnéticos sobre o
crânio, gera-se uma corrente elétrica que pode alterar a atividade das células
nervosas e desacelerar a parte auditiva, reduzindo o zumbido. Um trabalho
realizado pelo Grupo de Pesquisa em Zumbido da Faculdade de Medicina da USP
(Universidade de São Paulo) com 20 pacientes mostrou que aqueles que fizeram
sessões de estimulação por cinco dias consecutivos melhoraram mais do que os
que não passaram pelo tratamento.
8. HIPNOSE
Técnica
crescente em outras partes do mundo, consiste em sugerir ao paciente que se
encontra em um estado específico de relaxamento que não perceba mais o zumbido.
Como as pesquisas ainda são realizadas com poucas pessoas, faltam comprovações
científicas de que seja uma terapia eficiente.